sábado, 26 de janeiro de 2013


Naquela tarde a minha vontade era desaparecer. Tinha aquela necessidade de me abstrair de todas as complicações, da minha vida e do meu mundo (…) tudo me ligada a alguém do mesmo modo, alguém me ligava a tudo. Estava cansada de ouvir palavras que sabia que não eram sinceras, palavras essas que por mais que fossem doces, não eram reais. Por isso, preferi ignorar para ser sincera, naquele momento achei que foi a melhor coisa a ser feita . Então, resolvi “desaparecer”, deixando todos os bens materiais em casa. Apenas levei comigo sentimentos, palavras e alguns momentos marcantes, fui para um pinhal que de algum modo era especial. Lá, existia um lugar jamais conhecido para lá chegar tive que percorrer longos e dolorosos quilómetros. Mas a mim, a distância não me intimida de fazer seja o que for por isso andei, andei tanto até os pés já não queriam andar mais. Finalmente cheguei, era único. Naquela tarde, era inverno, estava um enorme frio, no céu era o cinzento que predominava, na terra o som que mais se ouvia era o som das gotas da chuva, que uma a uma caíam no chão, por cima das folhas castanhas que o Outono tinha deixado. Mas, dentro desse lugar mágico estava um calor tão agradável… O sol brilhava e a melodia dos passarinhas predominava (…) Senti-me feliz, de uma forma espontânea um sorriso sincero e pequenino fez-se notar.  Olhei em direcção a uma luz, resolvi aproximar-me. Parecia irreal era outra “entrada” para este lugar, e lá estavas tu.  Com a tua voz querida, disseste: 

- Calma, não tenhas medo, eu estou aqui !


    Ouvi aquela tua voz única, só podia mesmo ser tua. A forma doce como a disseste foi maravilhosa! Apesar de saber que eras tu, nem queria acreditar (…) Num súbito movimento, olhei para ti. E foi aí que pude ter certeza que eras mesmo tu. Olhaste-me com aquele teu ar carinhoso, e sorris-te. Virei-me de costas para ti e sorri também. Houve um enorme silêncio entre nós, porque nem eu nem tu sabíamos o que fazer porque depois de tanto tempo separados, sem falar reencontramos-nos. De repente comecei a ouvir passos que se deslocavam na minha direcção a uma velocidade incansável. Olhei para ti, e aí dei-te o maior abraço que alguma vez tinha dado a alguém. Tu como sempre retribuis-te de uma forma ainda mais forte! Pegas-te na minha mão e levaste-me até um local que dizias ser só teu, estava todo preparado para me receber, tinha como era habitual tudo aquilo que bem sabias que eu gostava, pensas-te em tudo mesmo! Lá, havia um pequeno lago onde o sol quando insidia dentro dele se tornava mágico cheio de luz e cor! Dentro dele, colocas-te um pequeno barco, onde pudemos andar á deriva dentro de água sem saber por onde era o caminho, mas isso, para nós pouco importava. 
"Não me importa o caminho, não me importa o destino sei que junto a ti nunca me hei-de sentir sozinho"
E assim foi, percorremos longos caminhos dentro de água, sempre juntos. O dia terminou, e naquele lugar anoiteceu. Ganhou ainda mais magia! Mas infelizmente, era hora de partir. Despedimo-nos assim um do outro, com a lágrima da despedida no canto do olho (…)
Senti saudades tuas. Voltei ao lugar, onde combinamos encontrarmonos cada vez que nos deparássemos com esta situação. E assim foi, voltei. Não havia maneira de te contactar, tinhas perdido o telemóvel, tinhas perdido o meu número, tinhas ficado sem internet… estavas completamente incontactável! Eu fui com a esperança de te encontrar lá, visto que já à 2 meses que não sabia nada de ti. Mas, tive sempre aquele medo de ir em vão, porque incontactável da forma que estavas era quase inesperado encontrar-te lá . Mais uma vez, estava a chover. Talvez fossem as lágrimas que em mim tinham secado de tanto por ti chorar. Sim, chorava todos os dias com saudades tuas, com falta das tuas palavras, da tua imagem, dos teus gestos… enfim de tudo em ti.  Mas com a força e a esperança com que eu estava nada nem ninguém me podia impedir de lá chegar. Então, lá fui eu andei, andei até que finalmente cheguei. Procurei-te por toda a parte, e não te encontrei. Nesse momento senti-me de certa forma ingénua por ter a esperança de que depois de dois meses sem contacto algum nos voltássemos a encontrar. Sentei-me e comecei a pensar, que aquela promessa afinal não tinha sentido. Porque na situação em que nos encontrávamos encontrar-te seria mesmo surpreendente. Sem querer uma lágrima, com um gesto muito calmo, escorreu do meu olho. Sim, por mais incrível que pareça apenas uma lágrima dos meus dois olhos escorreu, nada mais, apenas uma. Levantei-me e aí começou a chover torrencialmente, acelerei o passo cada vez mais. Quando estava quase a chegar á parte final daquele local, senti uma mão tocar-me de um modo suave e singelo que me disse:
-Espera, não te vás já embora! Como não sabia que também vinhas, andei lentamente tive tempo para pensar em tudo, tive tempo para pensar em ti!

Ao ouvir tal coisa, parei. Olhei para ti, e não tive reacção. Olhas-te para mim com um ar tão doce, tão puro que mais uma vez o único gesto que fiz, foi abraçar-te. Falámos durante HORAS. Até que, mais uma vez anoiteceu e tivemos que nos ir embora. Desde sempre que foi a parte mais difícil a despedida, mas desta vez foi menos dolorosa, porque combinamos todos os meses, naquele dia nos íamos encontrar lá *.* Assim, ambos ficámos com a certeza que nos íamos ver frequentemente (…)

                                                                                                              

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